PALAVRAS AO VENTO

O mais bonito espetáculo de todos os tempos é o invisível vento.
O mais delicado efeito natural que, acelerado, pode ser mortal.
Em forma de brisa numa manhã, balançando folhas de hortelã.
Fazem cair folhas dos galhos e subir outras dos papagaios.
Refresca o ardido calor, como num peito sofrido faz o amor.
Trás um recado que estava distante em questão de segundos, instantes.
Trás um cheiro que estremece e balança, trazendo contigo a lembrança.
Leva os cantos das lavadeiras do Brasil, para onde ninguém nunca ouviu
Levam as folhas, antes paradas, contendo as palavras que escrevi na sacada.
Com a mudança dos ventos, vem a mudança dos tempos.
Tempos vividos ficam para trás, empurrando o novo cada vez mais.
Se não houvesse os ventos, não haveria navegação.
Não haveria mudanças nos cursos, nem mudança de estação.
Perderia a graça de olhar para cima e não ver nem sentir o ar.
Não ver o ar em forma de bexiga vagando sem aterrissar.
Seria difícil imaginar uma bela paisagem sem o prazer dos cabelos balançar.
O vento é o que nos faz acelerar, é o combustível que vêm do ar.
Leva coisas do chão para cima sem direção.
É a prova viva da mãe natureza que avisa e não aceita perdão.
Não é possível parar, arrasta vidas e histórias, leva a memória para outro lugar.
Diminui e volta a ser o que sempre era e sempre será...
Perceptível, forte e temível, porém bem vindo e sensível, pois é o ar.

FF

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