O VENTRÍLOQUO

- Oi ! Esse oi não veio de mim, sabia...? - Como assim ? Esse oi veio da extensão de mim... Deu pra entender ? vou explicar, preste a atenção :
Sou um boneco de ventríloquo, anormal, cara-de-pau, só mexo a boca, mas o som e meu cérebro, estão do lado de fora. E ele pensa que pensa, mas não pensa.
Ele se acha, e eu o acho o máximo, por que não penso, só executo, pois tenho esse poder que ainda não dei a ele. Ainda...
Mas logo ele terá, mesmo que ele me quebre as pernas depois, como já aconteceu num passado recente, com um outro que confiava há mais de dez anos.
Mas hoje estou recuperado, voltei ao normal, mas se me soltar eu caio, por que ainda não sei andar com minhas próprias pernas, mesmo já beirando os cinqüenta.
A regra é essa mas a ordem às vezes muda. Às vezes eu o coloco no colo, às vezes é ele que me coloca, quando eu caio, por exemplo, e nós adoramos sentar.
Parece que sou humano, mas nem minha essência é tranqüila, ela é turbulenta, sou feito do nó da madeira e as coisas caminham dessa maneira.
Nem sei se no mundo têm outro igual, pois fumo, não me queimo, mesmo gostando e sendo feito de pau, às vezes viajo com meus shows e arrasto o animal.
Falo coisas sem sentido, faço média para agradar meus públicos, nunca me acertei e busco sempre uma saída para os meus problemas e cheguei a uma conclusão :
Sou pau mandado, sempre em cima do muro, inseguro, não decido meu lado e não vou mudar, sempre vou ouvir e repetir o que me dizem, sem eu mesmo escutar.
O que mais esperava de mim ? sou um simples boneco, virando quase um fantoche, passando de mão em mão e vou morrer assim. Esse é meu fim.

FF