ESTÓRIA DE PESCADOR

Antes de começar, já aviso : essa foi verdade.
Já peguei peixe grande, com linha de costura.
E sem esforço, na minha rede, já caiu Tilápia.
Até Sereia, acostumada a encantar, eu cantei.
Me fiz de Boto-Cor-de-Rosa e outras pesquei.
Foi comigo que Branca entrou e sumiu no mar.
Até da Traíra eu consegui a confiança e fisguei.
E depois de tanta água ter passado pela ponte;
Um dia, do nada, encontrei uma espécie rara.
Depois daquele dia, a água doce ficou salgada.
Joguei a isca mordeu o anzol e mandei a tarrafa.
Mas de tão ligeira que era, me escapou e nadou.
As águas e a praia levaram o que mais cobiçava.
Pensei que estivesse na rede, mas não estava.
Uma espécie bem mais lisa que um ensaboado.
Encheu meus olhos mas acabei no raso parado.
Fiquei como diz a canção, pescador de ilusão.
Sem peixe, sem ar, sem saber para onde nadar.
Naquele dia, o peixe é que pescou o pescador.
Por várias vezes me vejo naquele mesmo lugar.
Pensando como seria se ele se deixasse pegar.
Tem que vencer o mar, não é só ter vara e linha.
Por essas e outras que não esqueço da Manjubinha.
O peixe mais fácil de gostar, mais difícil de pescar.
Que mostrou não ser o único a morrer pela boca.
Eu mesmo, até a vida daria pela aquela boca.

FF

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